Com o selo de zona livre de febre aftosa, o setor espera ter uma economia direta de R$ 2,2 bilhões por ano.
No Centro-oeste do Brasil, produtores de Mato Grosso do Sul estão investindo em tecnologia para manter o estado como área livre de febre aftosa sem a necessidade de vacinação.
Uma boiada vai ser monitorada pela Agência de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul, a IAGRO, da fazenda até o frigorífico.
“Se a IAGRO parar a gente, eles vão puxar no tablet deles ou no computador e vai aparecer que a gente fez no aplicativo da IAGRO e o gado já está sendo monitorado”, explica o motorista Isaías Soares Lima.
Tudo é acompanhado de uma central para garantir que o gado esteja livre de qualquer possibilidade de contaminação.
“O animal saiu, foi embarcado em tal momento, em tal lugar, e depois ele foi até o seu destino. Tem todo o roteiro onde ele passou. Se caso ele tiver fora desse roteiro, automaticamente, você tem uma ação que você pode tomar em relação a isso”, explica Daniel Ingold, diretor da IAGRO.
Se o motorista desviar do trajeto, um sinal é emitido na central de monitoramento e a equipe volante da IAGRO que estiver mais perto do local é acionada para abordar o caminhoneiro na rodovia.
Uma média de 300 caminhões são fiscalizados por dia no estado. A atenção é ainda maior nas regiões de fronteira.
“Nós ampliamos e intensificamos a fiscalização nas fronteiras com a Bolívia e com o Paraguai, porque são países que ainda não são declarados livres de aftosa sem vacinação”, afirma o fiscal Fábio Nantes.
Foi investindo em cuidados mais rigorosos que Mato Grosso do Sul e mais 16 estados foram reconhecidos como zona livre da febre aftosa sem vacinação pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, um quadro bem diferente do enfrentado em 2005, por exemplo, quando um surto de febre aftosa no estado abalou a economia brasileira.
Milhares de animais foram sacrificados, vários países proibiram a importação de carne do Brasil. O setor só se recuperou três anos depois.
Agora, com o selo de zona livre de febre aftosa, o setor espera ter uma economia direta de R$ 2,2 bilhões por ano.
“Nós temos uma redução de custos com a própria vacina, embora não seja o grande fator. O grande fator justamente é o deslocamento do rebanho para aplicação dessa vacina”, ressalta Felippe Serigati, pesquisador da FGV Agro.
“Economiza tempo, economiza trabalho, economiza dinheiro. É um trabalho que ocupa aí 30 dias às vezes e está toda a equipe só fazendo uma vacina”, festeja o produtor rural Hélio Lima.
País da pecuária bovina
O Brasil é o principal exportador de carne bovina do mundo. A projeção para 2024 é que o país embarque 2,85 milhões de toneladas de proteína. A meta do Ministério da Agricultura é tornar todo o país livre de febre aftosa sem vacinação até 2026 e, com isso, conquistar novos mercados.
“Aumenta a vitrine, a gente tem o nosso produto credenciado, devidamente rastreado, devidamente certificado. Os mercados sabem dessa importância, então nós vamos ficar com diálogo, com um relacionamento, com o comércio mais perto da gente com os melhores mercados”, fala o superintendente do ministério em Mato Grosso do Sul, José Antônio Roldão.
Na fazenda do Hélio Lima, em Campo Grande, a última vacinação contra a febre aftosa foi há 10 meses e não deve se repetir.
“Isso foi muito importante porque economiza tempo, economiza trabalho, economiza dinheiro. É um trabalho que ocupa até 30 dias com toda a equipe só fazendo uma vacina”, conta.